POPOTA E TONINHO

ENCONTREI esta foto tirada em janeiro de 1974, no quintal da casa de meus pais.
A cachorra é a Popota e o gato é o Toninho. Como vocês podem ver, eles dois eram pretinhos, pretinhos, até luziam!
Os dois se amavam, de verdade, amor de um procurar o outro, de brincarem de pega-pega, de mordidinha, de luta livre..e todo dia dormiam juntos, o gato em cima da cachorra, parecendo um Dantop visto da minha porta de vidro!
Um dia, a Popota adoeceu, pegou leptospirose e (pra variar!) eu tive que autorizar sacrificar minha amiga.
Toninho nunca mais foi o mesmo. Enlouqueceu, ficou arisco, até que sumiu.
Acho que é assim quando se tem um amor verdadeiro, se enlouquece junto.
Quem diz que gato não tem sentimento na verdade não tem sentimentos. Imaginar que o bichano só é fiel à casa é preconceito do tempo de fazendas, de senzala, quando se deixava os gatos soltos pra caçarem os ratos do paiol e não lhes dava o mínimo de atenção.
Acho que essas pessoas "preferem" os cães pois estes são mais submissos...e o ser humano adora submeter qualquer criatura ao seu poder. É difícil compreender que mesmo não se prendendo uma criaturinha ela possa estar com você ao seu lado.
No caso do Toninho, ele procurou pela amiga até que perdeu a razão de estar lá; vai saber se ele não se cansou de viver também.


E assim, a gente vai compreendendo que cada bicho tem seu jeito especial de demonstrar carinho e atenção. O meu Bruce (gato) não desgruda de mim e adoece quando eu viajo por 2 dias que seja.


Trinta e sete anos depois, fica aqui meu carinho pelos meus dois amiguinhos, que brincavam, rolavam, mordiam um ao outro, fingiam lutar...