Quando chegamos àquela cidade no interior de São Paulo, a primeira coisa que reparei foi na gentileza das pessoas, depois na sua suavidade, depois no seu sorriso sincero, no seu modo respeitoso de falar, no passo tranqüilo ao andar pelas ruas em bloquetes ou pé-de-moleque, na religiosidade, no respeito ao bom da terra, no falar baixo, nas crianças com cara de crianças, nas praças cheias de gente andando ou sentadas proseando, nos pinguços respeitosos, nos cachorros dormindo à sombra sem ter medo de serem molestados.
Reparei nos sacis, nas toalhas e cortinas de chita florida, nas cabaças, nas violas, nas portas altas, nas casa coloridas, nas ladeiras e igrejas, nas imagens e vitrais.
Bateu uma dor no peito, hoje, quando voltei à minha cidade e andei por meu bairro, com as pessoas correndo, com seus olhos de medo, com adolescentes que pareciam querer estuprar alguém na esquina, com gente falando palavrão por nada, com os carros a nos atropelar sem motivo, com o comerciante morrendo por um real de troco que perdeu.
Não havia nenhum banco para sentar e se tivesse teria alguém deitado nele, ou uma barraquinha de "camelô" o usando para si. O que fazer: trancar-se em casa para não ver mais nada?
Não sei se quero mais isso para mim.
Não sei se eu mereço esse tão pouco que o tão grande finge me oferecer.
Eu quero a gente que eu vi naquela cidade ao meu redor. E também quero meu conforto, por que não? Mas não quero o que é demais, que fica de menos.
Quem sabe, um dia, eu volte a ser caipira de novo.
Cybele
Nenhum comentário:
Postar um comentário