NESTE FINAL DE SEMANA reencontramos várias amigas de turma que agora também estão na reserva e,como não poderia deixar de ser, cada uma contou o que tem feito depois que "parou de trabalhar" (note: está entre aspas). Uma está gerenciando o orçamento de toda a família, outra está reformando a casa, outra concluiu o mestrado e assim por diante.
Uma destas amigas quase ficou viúva, após seu marido, muitos anos mais moço que ela, ter contraído 2 (duas!) doenças silvestres raras em seguida (vai virar caso de monografia de residente). Explicando como tudo aconteceu, ela conclui com a seguinte frase:"-É, eu pensei que, pelo curso natural da vida,ele é quem iria cuidar de mim, afinal eu sou mais velha que ele, mas não é bem assim que acontece, não é?!"
E fiquei pensando que meu caso também é muito parecido com o dela. Meu marido é muito mais novo que eu...e muito mais doente que eu! Há tempos atrás eu vivia levando-o pra Emergência do hospital, por picos de pressão alta que não cediam com simples medicamentos. Coisas de estilo de vida, implantados por minha doce sogrinha (adorava ver os filhos gordos!) e por sua própria complacência consigo mesmo, nunca parando de comer até que não terminasse toda uma travessa. Estresse, cabeça ruim, espírito de "justiceiro", sedentário +++++, ex-tabagista. E sobrava pra mim e pras minhas filhas aguentar o tranco do "-Eu sei o que estou fazendo!".
Durante a conversa com essa minha amiga, lembrei-me do que aconteceu com meu avô. Seu filho caçula era alcoólatra e tinha depressão. O pai acabou cuidando do filho, até a morte deste em sua cama. Creio que enquanto meu avô cuidou de meu tio, ainda encontrava motivo para viver seus últimos anos, já bem avançados. Depois foi minha vez de cuidar dele, dentro de minhas poucas possibilidades.
Hoje eu penso se também não faço parte desse grupo de pessoas que vive para cuidar dos outros, para não ficar doente também. Será que sou?
Espero que seja só mais uma das guinadas da roda da vida e aguardo pacientemente os bons momentos também.
Que minha amiga possa curtir a sua aposentadoria numa boa, sem o medo de uma foice invisível pairando sobre sua cabeça, a espera que, quando ela para de cuidar, venha a ser ceifada também.
Só coisas boas agora, Ana!
Para todas nós!
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